Albert Uderzo nasce em Fismes, no Marne, no dia 25 de abril de 1927. Desde o jardim de infância, manifesta uma espantosa queda para o desenho. Totalmente autodidata, passa o tempo a desenhar, enchendo os cadernos escolares com esboços surpreendentes (entre eles, alguns de colunas romanas!). Apaixonado pelos heróis de Walt Disney, sonha trabalhar na indústria dos filmes de animação. Aos dez anos, começa a desenhar personagens narigudos…
Em 1942, o seu irmão Bruno parte para a Bretanha e pede-lhe que vá ter com ele a Les Villages (Côtes d’Armor), perto de Saint-Brieuc. A região agrada-lhe, mas a guerra obriga-o a regressar a Paris, onde ajuda o pai que trabalha numa serração. Após a Libertação, estreia-se no desenho animado, trabalha para diversas revistas, cria ou desenha novos heróis, como Flamberge, Clopinard, Zartan, Zidore, Arys Buyck, Prince Rollin ou Belloy, o Invulnerável. Estes últimos iniciam uma longa série de cavaleiros hipermusculados, “insuflados com hélio”, particularmente apreciados por Albert.
Em 1947, ao regressar do serviço militar, torna-se repórter-desenhador no “France-Dimanche“, e trabalha para duas agências noticiosas, estruturas pequenas com o modesto nome de World Press e International Press, onde conhece Jean-Michel Charlier e Victor Hubinon, entre outros futuros grandes nomes da banda desenhada. Em breve, iria cruzar-se com outra pessoa… Numa bela manhã de 1951, informam Albert Uderzo da vinda de um novo colega, chamado “Gossini”. Ao ouvir este nome, as raízes italianas de Albert entram em ebulição. “Não, o nome dele escreve-se G.O.S.C.I.N.N.Y. É francês e vem dos Estados Unidos.” Nasce uma excecional amizade a todos os níveis.
Em 1956, Albert Uderzo cria com René Goscinny, Jean-Michel Charlier, Jean Hébrard e François Clauteaux a revista “Pilote“, um grande semanário para os jovens. No dia 29 de outubro de 1959, o número UM da Pilote apresenta, na página 20, a primeira prancha das Aventuras de Astérix, o Gaulês, aos seus leitores conquistados. A revista conhece um êxito imediato: mais de 300 mil exemplares vendidos no primeiro dia!
Durante algum tempo, os dois autores continuarão algumas séries, individualmente ou em conjunto. Mas a partir do álbum “O Escudo de Arverne“, Albert Uderzo decide dedicar-se exclusivamente ao pequeno herói gaulês e abandona as suas outras personagens. No dia 5 de novembro de 1977, dá-se o trágico acontecimento: René Goscinny morre durante uma prova de esforço realizada aquando de um check-up. Tinha 51 anos. O choque é terrível para o seu amigo Albert Uderzo.
A partir dessa altura, Albert Uderzo retoma sozinho as aventuras do herói gaulês e cria ” Les Éditions Albert René “. Fazendo uma careta a todos aqueles que, em grande número, haviam vaticinado a morte de Astérix ao mesmo tempo que a de René, Albert Uderzo retoma o testemunho para, também ele, não sucumbir ao desgosto. Apoiando-se nos 26 anos de cumplicidade com René Goscinny, Albert Uderzo escreve e desenha novos álbuns aprovados pelos leitores de Astérix, cada vez mais numerosos. Em cinquenta anos, Astérix tornou-se um fenómeno no mundo da edição. Os números falam por si: 34 álbuns traduzidos em 107 línguas ou dialetos, 11 filmes, um parque temático com o seu nome, centenas de produtos derivados e muitos outros projetos…
24 de março de 2020: Albert Uderzo morre na sua casa em Neuilly. O seu traço virtuoso, passando com igual mestria do desenho realista ao estilo humorístico que soube combinar numa síntese gráfica sem igual, continuará ainda por muito tempo a influenciar os desenhadores e a suscitar o deslumbramento e o riso de milhões de leitores.